DO TRIÂNGULO MINEIRO AOS PAMPAS
Por Alvaro Menna
Revisão: João Gualberto Jr.
Com sua reinserção nos Jogos Olímpicos de 2016, bem como a crescente entrada de novos patrocinadores, o rugby brasileiro experimenta uma evolução a passos largos. Entretanto, não devemos esquecer que muito desse crescimento deve-se aos inúmeros hermanos que, por motivos diversos, cruzaram a fronteira sul nas últimas décadas e trouxeram para esta terra tupiniquim seu vasto conhecimento acerca de tão apaixonante esporte. Hoje, estão presentes em quase todas as equipes competitivas brasileiras, tanto como treinadores quanto na posição de atletas. Contudo, melhor ainda do que aprender com os ensinamentos desses brasileiros de coração é beber diretamente em sua fonte!
Seguindo o sonho de complementar seus estudos e aprimorar suas técnicas como jogador de rugby, Caio Santos, segunda linha do BH Rugby, tomou o caminho inverso e, com a ajuda de seus irmãos de clube, disputa a temporada 2011 pelo tradicional SITAS, Sociedad Italiana de Tiro al Segno, de Buenos Aires.
Porque a decisão de se mudar para a Argentina?
Decidi viver na Argentina para realização de projetos pessoais: estudar pós-graduação, aprender um novo idioma, conhecer uma nova cultura e melhorar minhas habilidades como jogador de rugby, para que possa compartilhar minhas experiências dentro de campo e ajudar o meu time (BH Rugby) no futuro.![]() |
Treino SITAS - Caio com as mãos no joelho |
Como foi recebido e como foram os primeiros treinos de pré-temporada?
Fui muito bem recebido, tanto pelo fato de ter sido recomendado para treinar no SITAS por Jorge Imparato, ex-jogador do SITAS e atual jogador e treinador do BH Rugby, quanto pela hospitalidade dos jogadores. São todos muito unidos e sempre preocupados com o meu bem-estar tanto dentro como fora de campo.
por semana, segunda, terça e quinta-feira, e jogamos todos os sábados.
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BH Rugby x Federal Rugby - Semifinal Copa do Brasil 2010 |
Como foi o tratamento de seus companheiros de clube com a sua chegada ao time?
Todos foram muito atenciosos, dão atenção especial nos treinos, sempre tentando me incentivar a superar meus limites.
Quais as principais diferenças que você pode observar entre o rugby brasileiro e o argentino?
A primeira de todas foi o nível de comprometimento com o esporte e com a equipe. Todos do time jogam desde pequenos e sempre jogaram vestindo a mesma camiseta. O time é composto por jogadores das redondezas do clube, muitos são vizinhos ou foram colegas de escola. O circulo de amizades de todos está dentro do time.
A dedicação aos treinamentos é muito alta, todos treinam na academia, estão presentes em todos os treinos e ainda ajudam no treinamento das categorias de base. Auxiliam o time no planejamento de festas para arrecadar recursos e também ajudam no terceiro tempo, nos quais sempre estão presentes.
O nível de respeito entre jogadores e árbitros me impressiona, todos jogam calados, não contestam as decisões do juiz. Mesmo em lances polêmicos os jogadores e torcedores sabem como se portar, sem fazer comentários que estamos acostumados a ver por parte de alguns jogadores e torcedores do nosso esporte no Brasil.Em todos os jogos os familiares, amigos e torcedores estão presentes, cantando músicas do time com tambores, bandeiras e tudo mais.
por próprio mérito.
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Caio pelo SITAS em 2.011 |
E os primeiros jogos, como foi seu desempenho?
Nos primeiros jogos, meu desempenho foi baixo, não tinha o mesmo ritmo de jogo que os meus companheiros. O posicionamento dentro de campo deixava a desejar já que os forwards na Argentina costumam jogar mais abertos, sem tantos pick and go, e sempre dando cobertura à linha. O nervosismo por saber que estava jogando com atletas de alto nível também me deixava ainda mais ansioso ao entrar em campo. Comecei a me sentir mais à vontade em relação ao meu desempenho em campo quando fomos jogar contra o Old Christians, no Uruguai, uma vez que o half-scrum e o abertura já tinham mais confiança em mim e me chamavam mais pro jogo. Sinto que ainda falta muito para me igualar ao nível dos jogadores daqui, mas todos estão me empurrando pra cima e percebo que estou evoluindo.
Quais objetivos pretende alcançar ao final deste intercâmbio?
Os principais objetivos com esse intercâmbio é firmar mais ainda os laços de irmandade com meu novo time e levar o máximo de experiência possível para que ajude o BH Rugby quando voltar a usar a camisa do blanco y negro.
Quais os planos para o futuro no mundo do rugby?
Meus principais planos são ajudar BH o Rugby e o SITAS antes de qualquer coisa, porque são os times que me formaram como jogador e como pessoa, são as cores que representam o que sou.
Como os argentinos lidam com a suposta rivalidade Brasil x Argentina, tão fomentada por aqui?
Essa rivalidade só existe quando o assunto é futebol. Todos aqui se dão bem com brasileiros ou pessoas de qualquer outra nacionalidade sem deixar que rivalidades criadas por outros esportes interfiram na convivência.
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Decisão 3º Lugar Copa do Brasil 2010 - BH Rugby x Charrua |
Leia a matéria completa em: www.bhrugby.com.br
Crédito pelas fotos: Maíra Vieira (BRA) e Pablo Guzman (ARG).
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