Se o futebol dos clubes mineiros decepcionou mais uma vez seus torcedores neste final de semana, o rugby mostrou que talvez seja o único esporte a representar Minas Gerais nos gramados da elite nacional em 2.012! Com uma vitória emocionante o BH Rugby garantiu sua vaga para 2.012 na principal competição nacional. Já em Campo Belo, os Ogros locais conheceram pela primeira vez o sabor da derrota frente aos Búfalos de São João Del Rei.
Seguindo a preparação para o Campeonato Mineiro 2.012, os Ogros de Campo Belo receberam os universitários de São João Del Rei para a segunda partida de sua recente história. Vindos de uma boa vitória em sua estréia contra o Inconfidência de Belo Horizonte, os campobelenses foram suplantados pela melhor organização tática adversária, sobretudo no pack de forwards. Dominante nos rucks, os Búfalos impuseram seu ritmo forte no primeiro tempo e abriram 12 a 0 no placar com dois tries e uma conversão. A segunda etapa foi marcada pelo equilíbrio entre os alinhamentos, com leve vantagem para Ogros, que anotaram um try convertido e um penal, descontado por novo tento dos universitários. Final de jogo: Campo Belo 10 (0) x (12) 17 UFSJ.
Destaque para o bom público que compareceu ao Estádio do Comercial para prestigiar a equipe da casa! Que esta parceria clube e torcida prospere e perdure para os Ogros comedores de fígado (seja lá o que isso quer dizer?!)!
BH Rugby e Niterói cultivam talvez a maior rivalidade do rugby brasileiro fora do estado de São Paulo. Carentes de campeonatos regionais fortes, ambos tiveram sempre de cruzar suas fronteiras para buscar adversários que exigissem o máximo de suas equipes na busca pela excelência. E, assim, desde 2.004, mineiros e cariocas enfrentam-se sistematicamente, cultivando não só a concorrência, mas também a amizade e afeto entre as equipes.
A tarde deste último sábado no entanto ficará na história deste confronto como um marco a ser lembrado pelas gerações futuras. Isto porque, em todos os embates realizados até o momento a alegria da vitória pertenceu sempre aos fluminenses. Até o momento. Para muitos que assistiam das arquibancadas a peleja deste sábado significava muito mais que uma simples vaga no SUPER 10 2.012, estava em jogo anos e anos de dedicação ao rugby estadual.
O Estádio Mario Lima ainda sofria com a fumaça trazida pelo vento, fruto de incêndio florestal próximo, quando o árbitro Renato Scalércio apitou o início da partida. Recebido o chute inicial os cariocas iniciaram o confronto pressionando os mineiros na linha de 22m e foram recompensados logo as 3’ com um penal por impedimento da linha belorizontina. Daniel Gregg estava afiado nos chutes e não desperdiçou a oportunidade, 0 x 3.
A equipe alvinegra, apesar de firme na defesa, parecia bastante nervosa e, conseqüentemente, movimentava-se mal em campo, abrindo espaços para os cariocas e perdendo boas chances de marcar. Somente aos 23’ o placar foi movimentado novamente, desta vez coube a Daniel Baeta converter penal concedido pelo Niterói e deixar tudo igual, 03 x 03. O BHR mal saboreou o empate e novamente foi punido pelo talento individual de Daniel Gregg. O abertura carioca fintou seu marcador, furou a defesa adversária e correu com certa tranqüilidade para apoiar a ovalada próximo aos postes. Try convertido pelo mesmo. 03 x 10.
O revés não desanimou os belorizontinos que voltaram a pressionar o Niterói com seu consistente jogo de forwards. Fase após fase, cuidando da posse de bola os mineiros chegaram a linha de 5 metros adversárias e por ali ficaram alguns minutos até que o pilar José Augusto encontrou a brecha para assinalar o primeiro try dos mandantes, não convertido por Daniel “Canadá”, 08 x 10. A barulhenta torcida presente agitou-se nas arquibancadas e empurrou os alvinegros ao ataque.
Abusando de seus gordos, o BHR chegou novamente às proximidades do in goal adversário, porém desta vez encontrou um sólido paredão carioca que defendeu muito bem a base do ruck. A solução era arriscar-se no jogo aberto, especialidade dos cariocas. E a ousadia deu certo. Aos 33’, em rápida troca de passes pela ponta esquerda o primeiro centro Sérgio Mollica achou o terceira linha Thiago Freire livre para marcar o segundo try do dia, não convertido. Virada do BH Rugby, 13 x 10! Antes do apito final da primeira etapa os mandantes ainda tiveram nova chance de marcar após bela infiltração do primeiro centro Sérgio Mollica, parado a poucos metros do in goal pela defesa carioca.
A etapa complementar manteve a tônica do primeiro tempo nos minutos iniciais, domínio belorizontino nos scrums, equilíbrio nos line out´s e o Niterói levando muito perigo ao BHR com chutes precisos de Daniel Gregg no costado da defesa. E foi justamente utilizando esta poderosa arma que os cariocas protagonizaram o momento crucial do certame. Após preciso pontapé do abertura fluminense os visitantes foram agraciados com um line out próximo à linha de 5 metros dos belorizontinos. Os rubronegros fizeram o dever de casa, venceram a disputa aérea e empurram com vigor o maul até o in goal alvinegro, entretanto, já dentro da zona de pontuação, foram incapazes de apoiar a bola por mérito da defesa belorizontina. Scrum na linha de 5 metros vencido pelo BHR e o sentimento de alívio na torcida presente.
Daniel Baeta - BHR - Foto: Maíra Vieira |
Passado o susto os mandantes voltaram a carga com seus forwards pelo lado esquerdo. Mantendo a posse de bola e defendendo-se bem no jogo aberto os mineiros avançaram novamente dentro das vinte e duas cariocas até que, em bela jogada aos 15’, o abertura Daniel “Canadá” aproveitou a falha de posicionamento na defesa rubronegra e (literalmente!) cravou a bola no in goal adversário. Try do BHR convertido também por Canadá, 20 x 10!
O tento pareceu ter desequilibrado os cariocas que buscavam desordenadamente o jogo aberto e os chutes táticos, sempre parando na defesa alvinegra que, após recuperar a posse de bola, lançava perigosos contra-ataques pelas pontas, sobretudo com Bernardo Faccion. Por fim, já aos 35’, os fluminenses concederam novo penal frontal aos postes convertido por Daniel “Canadá”, selando o placar blanco y negro, 23 x 10. Grande vitória!
Ao apito do árbitro, jogadores, reservas e torcida juntaram-se no centro do gramado para comemorar o feito histórico do time mineiro. A emoção estava estampada no rosto de todos aqueles que contribuíram para esta vitória.
Os destaques da partida ficaram para o duelo de aberturas, Daniel Gregg do Niterói e Daniel Baeta do BHR, ambos com ótimas atuações individuais, bem como para toda a primeira linha mineira, sempre superior aos seus rivais. Vale destacar ainda a evolução dos mineiros no quesito manutenção da posse de bola, com certeza um dos fatores primordiais nesta conquista.
Em 2.012 teremos novamente um representante de Minas Gerais na elite do rugby nacional! Que seja o primeiro de vários!